HISTÓRIA


FETUBA FESTIVAL ou Festival de Teatro de Ubá, você conhece? Mesmo o evento já tendo grande repercussão e bastante tempo de estrada, obviamente muita gente não sabe o que é, mas ele tem dado o que falar. Apesar de ser um festival de teatro do interior, mais precisamente da cidade de Ubá que fica na Zona da Mata mineira, o FETUBA tem reverberado por todo o Brasil, e já é conhecido internacionalmente. Nosso festival é composto por uma mostra livre, chamada Mostra Paralela, que conta com apresentações artísticas de teatro, dança, música, literatura, audiovisual e artes populares com artistas da cidade. Logo se segue a atração principal, a Mostra Teatral Competitiva, com grupos de todo o Brasil e exterior. O evento é realizado anualmente aqui em Ubá / MG e tem a duração de uma semana. O festival faz parte do Circuito Minas de Teatro de Festivais Teatrais do Interior. Essa rota de festivais, traz como carro chefe o FACE (Festival de Artes Cênicas de Conselheiro Lafaiete) sob a direção de Geraldo Lafaiete, criador e mobilizador cultural do circuito, que é resultado de um grande esforço de vários artistas. Fazem parte do circuito cidades como: Conselheiro Lafaiete, Ubá, São João Nepomuceno, Araguari, Governador Valadares, Barroso, Mariana, Guaranésia, Juiz de Fora, Cristiano Otoni, Teófilo Otoni, São Brás de Suaçuí, Queluzito e Peçanha. Antes do FETUBA existir, a cidade de Ubá já tinha um grande festival criado e produzido pela arte educadora Patrícia Vicenzia. A Mostra Vicênzia de Teatro durou seis edições, e se encerrou com brilhantismo em 2007. Após três anos, Patrícia que por problemas pessoais não pode dar continuidade ao projeto, sugeriu que se criasse uma nova roupagem para o evento, e designou Roberta Silva como sua sucessora. Assim, Roberta Silva, mineira de coração com 30 anos de caminhada na arte, e 20 anos como profissional teatral, e seu esposo, o também ator, produtor e diretor Fabiano Martins, criaram em 2011 o FETUBA FESTIVAL. O casal que desde 2006 realiza capacitação de artistas na cidade de Ubá e região através do grupo escola Companhia dos Atores do Brasil, viu no festival uma oportunidade de unir mais a classe artística, e ampliar a capacitação da mesma através do intercâmbio com outros profissionais. Assim, junto com o festival criaram o MTU (Movimento Teatral de Ubá), e abriram espaço para que os interessados na proposta se agregassem ao projeto. Estavam na produção do 1º FETUBA os grupos: Companhia dos Atores do Brasil (criador do evento), Cia. De Teatro Rastro dos Astros, Cia. de Theatro Risada Livre Show, Grupo Melhorarte e Companhia Regional Jovens Atores (CORJA). O evento foi feito sem patrocínio e de forma totalmente independente. A partir do terceiro ano, a Prefeitura entrou como apoiadora, e até hoje permanece colaborando através de produtos e serviços, mas a maior parte do patrocínio vem dos artistas locais e dos artistas que visitam o evento. Ubá se encontra numa região rica, no chamado Polo Moveleiro, mas nenhuma empresa de grande porte do polo patrocinou o FETUBA em 12 edições. Assim, nós produtores do festival seguimos tentando aprovar o projeto em outros editais de ampla concorrência, acreditando que com o portfólio de peso que temos, em algum momento vamos conseguir o aporte financeiro necessário. Com uma equipe local de cerca de 50 artistas, e mais 150 artistas de fora, anualmente o FETUBA oferece mais de 30 trabalhos artísticos em apresentações de palco e rua. Indo para a 12ª edição, todos os envolvidos realizam o evento por voluntariado, sendo o festival auto declarado como “intercâmbio cultural colaborativo”. Não existe uma empresa produtora, nem ninguém ganhando as custas de ninguém. Mesmo nas dificuldades a produção mantem as regras necessárias de segurança. Os espaços cênicos são vistoriados antes da realização do festival. Corpo de Bombeiros e Guarda Municipal são acionados para todos os dias do evento. O alojamento dos artistas possui segurança 24 horas com todas as pessoas credenciadas. Os artistas ficam no alojamento e recebem quatro refeições diárias. A mostra competitiva dura 4 dias. Além dos espetáculos teatrais, os artistas participam de oficinas e rodas de conversas, onde trocam experiências profissionais. Atualmente o evento tem uma coordenação coletiva formada por diretores de vários grupos de teatro da cidade. A equipe toda é formada por mais de 50 artistas locais, pertencentes a vários grupos de teatro e dança, e também artistas independentes e apoiadores das artes cênicas. Esta união de fazedores de cultura é denominada Movimento Teatral de Ubá (MTU) e é através destas mãos que o festival se realiza. Produzem o FETUBA hoje: Companhia dos Atores do Brasil e Capacitor Cênico Escola Teatral, Companhia Teatral Mutum, Companhia de Teatro Rastro dos Astros, Cia. Duoavesso de Teatro e Escola das Artes Duoavesso, Só Arte Companhia de Teatro, Companhia de Theatro Risada Livre Show. Também fazem parte do movimento outros grupos, artistas independentes do teatro, da dança e simpatizantes da arte e da cultura. O FETUBA Festival é atualmente um dos mais renomados e maiores eventos do gênero em Minas Gerais. Ubá é uma das cidades mais premiadas em festivais de teatro, tendo diretores, atores e técnicos de vários grupos reconhecidos em todo o Estado, que também atuam em equipes estratégicas nas lutas por políticas públicas de cultura. Em 2024, o FETUBA vai para sua 12ª edição. Atingirá a marca de 158 grupos de teatro, representantes de 68 cidades de 12 estados, sendo estes: MG, RJ, ES, SP, DF, GO, PB, PE, CE, SC, PR e RS, além do continente africano. O evento também produziu durante a pandemia de forma virtual. Tendo vários projetos sobre teatro de grupo, teatro no interior e o documentários de 10 anos do evento intitulado “Fetuba 10 anos - Edição Memórias”. Em breve o festival completará 15 anos de existência e estamos para receber o reconhecimento como Patrimônio Imaterial de Ubá. Esse título é muito importante para que o FETUBA tenha sua execução anual garantida e protegida, e também para ajudar os produtores a captar recursos nas esferas Municipal, Estadual e Federal, e também junto a investidores e patrocinadores. A equipe do MTU também defende incansavelmente a construção de um teatro municipal na cidade que comporte o evento e outros do gênero, visto que os espaços atuais tem lotação máxima de 100 lugares, estrutura simples, e não tem comportado o grande fluxo de público. “É muito bonita a trajetória que tivemos até aqui. Nosso amor pelo fazer artístico construiu algo muito sólido, mas mais bonito que isso, é sermos respeitados em nossa profissão, é termos dinheiro para o pão de cada dia. É recebermos devidamente pelo trabalho prestado. É podermos pagar uma previdência social. É termos segurança. Por um lado essa coisa do artista que “passa o chapéu” é poética, ancestral, lúdica, mas estamos em outros tempos, arte e cultura são economia criativa, é trabalho, é profissão, é chegada a hora de sermos reconhecidos como trabalhadores, e recebermos por isso”.

(Roberta Silva - criadora do festival)